O artigo discorre sobre a crise contemporânea do processo de institucionalização do discurso dos direitos humanos, vinculada à reprodução de (in)seguranças globais e aos limites da vinculação entre Estado, território e cidadania. Desenvolve o argumento de que a impossibilidade ou a incapacidade de realização dos direitos humanos no contexto de um mundo dividido em Estados territoriais assenta-se justamente na junção constitutiva que se estabelece entre a noção de cidadania e a noção de humanidade. Os dilemas daí derivados são elucidados a partir da análise dos recentes protestos de refugiados palestinos no Brasil e de suas principais críticas ao marco de proteção humanitário internacional. Nesse sentido, o artigo corrobora a ideia de que o regime internacional de direitos humanos atuaria, dentro dessa perspectiva crítica, reforçando a ordem política existente, e não subvertendo-a, como imaginam os entusiastas do discurso de direitos humanos como promotor de uma política de emancipação no plano global.
The paper discusses the contemporary crisis of the institutionalization of human rights' discourse, linked to the reproduction of global insecurities and to the limits of the connection between States, territory, and citizenship. It conveys the argument that the impossibility or incapacity of attaining human rights, in the context of a world divided by territorial states, resides precisely in the constitutive junction between the notions of humanity and citizenship. The dilemmas therefore produced are analyzed in light of the recent protests among resettled Palestinian refugees in Brazil and their disagreements over the international humanitarian regime. Thus, the paper advances the idea that the international human rights regime acts, within this critical perspective, as a reinforcement of the current political order, rather than as a means of subverting it, as some enthusiast of a human rights agenda as emancipatory politics would argue.
L'article aborde la crise contemporaine du processus d'institutionnalisation des discours sur les droits de l'homme, liée à la reproduction des (in)sécurités mondiales et des limites du lien entre l'État, le territoire et la citoyenneté. L'auteur développe l'argument selon lequel l'impossibilité ou l'incapacité de la mise en place effective des droits de l'homme dans le contexte d'un monde partagé en États territoriaux se situe justement à la jonction constitutive qui s'établit entre la notion de citoyenneté et de la notion d'humanité. Les dilemmes qui en découlent sont élucidés à partir de l'analyse des récentes manifestations de réfugiés palestiniens au Brésil et de leurs principales critiques à la principale référence de la protection humanitaire internationale. L'article corrobore ainsi l'idée selon laquelle le régime international des droits de l'homme joue son rôle à l'intérieur de cette perspective critique, renforçant l'ordre politique existant, et non pas en la renversant, comme l'imaginent les enthousiastes du discours des droits de l'homme en tant que promoteur d'une politique d'émancipation sur l'échelle globale.